Energia

Um sonho mais próximo da realidade

Parque Eólico de São José do Norte recebe licença ambiental prévia e poderá ser implementado nos próximos anos

A realidade econômica de São José do Norte está em vias de mudar. A cidade com pouco mais de 25 mil habitantes tinha há até pouco tempo ganhos vindos da pesca, da plantação de cebola e do extrativismo natural. O Polo Naval chegou a representar uma mudança, mas durou pouquíssimo tempo. Agora, a cidade mira nos ventos e está próxima de receber o maior parque eólico do Rio Grande do Sul.

Para a prefeita Fabiany Zogbi Roig (PSB), este é um sonho sendo alcançado, depois de quase sete anos de luta. Além de aumentar a arrecadação do município, incrementando o PIB, o empreendimento poderá gerar empregos e ajudar a superar a crise financeira atravessada pela cidade.

O licenciamento ambiental prévio já foi dado pela Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam). A empresa Ventos do Atlântico recebeu a licença para criar o complexo com 870 megawatts (MW), algo em torno de um terço da energia usada no estado inteiro, segundo a instituição. As obras ainda dependem da licença de instalação, além de parcerias como investidores e leilões a serem feitos.

A Ventos do Atlântico é um braço da Flopal/Ambar, já responsável pelo extrativismo de resina e madeira de pínus no município. Para seu diretor, Paulo Cezar Azevedo, é importante ressaltar que o projeto, apesar de "magnífico", em suas próprias palavras, ainda demorará a sair do papel. A parte dos leilões, quando resolvida (a expectativa é de que isso ocorra ainda no segundo semestre deste ano), pode fazer a instalação do parque levar três ou seis anos, dependendo do tipo de venda. Além disso, a regulamentação deste tipo de leilão para encontrar parceiros está sendo mudada no Estado, mas ele crê que isso poderá facilitar o processo.

Para a prefeita, a importância é tirá-lo logo do papel. Em conversa com a Secretaria de Minas e Energia do Estado, ela foi informada de que em Osório, por exemplo, a implementação do parque levou um ano e meio. Como o de São José do Norte terá a princípio o dobro do tamanho, ela não sabe precisar quando haverá a conclusão, crendo também na possibilidade de ser construído em partes.

De acordo com Azevedo, a licença ambiental prévia é apenas um indicativo de que a construção poderá acontecer. "Ainda falta tudo (...), mas o importante é que está apto", ressalta. Além disso, o projeto poderá passar por mudanças futuras, como alterar a quantidade de aerogeradores ou a potência deles (confira as especificações). Ele conta que, em Osório, por exemplo, a licença prévia permitia a capacidade de 0,7 MW em cada unidade, mas, no final, foi empreendido com 2 MW.

Influência no município
A prefeita de São José do Norte destaca a pressa para condicionar logo os leilões. O empreendimento, tão sonhado, além dos lucros, gera poucos impactos ambientais. Ela comemora isso, já que a situação financeira do município é complicada. Com o fim das operações na plataforma P-74, o arrecadamento de impostos sobre serviços deixou de receber montantes mensais de R$ 400 mil. "O parque vem como uma alternativa econômica para suprir as lacunas deixadas pelo Polo Naval", comemora.

Ela compara o impacto com outros municípios já com a presença de parques eólicos. Segundo seus cálculos, Santa Vitória do Palmar incrementou os ganhos mensais em quase R$ 1 milhão, e o parque de São José do Norte terá pelo menos o dobro do tamanho. "Isso é uma ótima condição", comenta. Em 2017, o orçamento anual total de São José do Norte foi de R$ 67 milhões, com previsão de quedas para este ano.

Quanto aos empregos, tanto a prefeita quanto Azevedo concordam que a fase de implementação poderá gerar vagas, tanto como a manutenção, mas o principal legado ao município é o incremento no PIB. Segundo Azevedo, a Flopal, empresa do mesmo grupo responsável pelo extrativismo em São José do Norte, atualmente já emprega 1,1 mil pessoas. "Este é um projeto equilibrado, ambientalmente e socialmente", pondera.

Especificações da licença prévia
Localidade - Distrito do Bojuru
Área - 15,8 mil hectares
Aerogeradores - 290
Potência dos aerogeradores - 3 MW
Centrais geradoras eólicas - 23
Linha de transmissão - 63,60 km

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